Amazon produzirá filmes via crowdsourcing


Assim como a Netflix, a Amazon produzirá conteúdo próprio para complementar seu catálogo de vídeos sob demanda. Ela já tem 21 projetos de filmes e 9 projetos de séries em desenvolvimento.

Desde o final de 2010, o estúdio da empresa, Amazon Studios, tem recebido em seu site dezenas de milhares de roteiros, enviados por aspirantes a roteiristas e cineastas. O estúdio tem o direito exclusivo de compra por 45 dias, pagando US$ 10 mil por roteiro selecionado. Se ele se tornar uma série de TV, o autor receberá mais US$ 55 mil, ou, no caso de um longa metragem, US$ 200 mil. A Warner Bros é a parceira da Amazon para a produção de longa metragens, cuja primeira exibição será nos cinemas.

Ao invés de comprar um roteiro e em seguida investir na produção de um longa metragem ou piloto de uma série, a Amazon primeiro investe no desenvolvimento do roteiro e na produção de vídeos de teste, que são avaliados por milhares de voluntários. Os autores recebem comentários para ajustar seus roteiros, na esperança de que eles se transformem em filmes e séries.

Para quem conhece o Mechanical Turk, o "mercado online de crowdsourcing" da Amazon, o seu Amazon Studios soa familiar.

"Esperamos evitar grandes bombas", disse Roy Price, chefe da Amazon Studios. "Podemos achar que o mundo precisa de um filme sobre patins, ou de um filme sobre um encouraçado, mas podemos estar errados. Podemos fazer testes e descobrir que, na verdade, ninguém se interessa por este ou aquele projeto. Se fizermos isto antes de gastar US$ 200 milhões nele, isso seria bom. Bom para os clientes e bom para os negócios."

Por exemplo, a Amazon colocou seus nove melhores filmes de teste de 2011 no Amazon Instant Video, seu serviço de streaming de vídeo. Os clientes viram os projetos centenas de milhares de vezes, de acordo com a empresa. Agora, ela está usando as opiniões e os comentários deixados pelos usuários para re-escrever os roteiros.

A Amazon também coletou dados sobre quanto tempo os clientes assistiam aos vídeos de teste e quantos assistiram os vídeos na íntegra.

"Essa forma de feedback implícito é tão útil quanto, ou às vezes mais útil do que o feedback explícito", disse Price. "Isto nos revelou muito sobre a possível comercialização dessas idéias."

A Amazon Studios recentemente transformou o "Blackburn Burrow", um roteiro de filme do roteirista Jay Levy, em uma história em quadrinhos digital, para obter mais informações dos consumidores.

A HQ, disponível na loja Kindle, chegou a ser a revista em quadrinhos grátis mais baixada da Amazon, e vem com uma pesquisa de opinião sobre o que as pessoas acham da história, de acordo com Levy.

"Se você olhar para a quantidade de dados que Amazon coleta todos os dias, é incrível", disse Levy. "Assim, eles começam a receber feedback sobre a história e criarão algo com que as pessoas realmente se envolverão".

Obviamente, pesquisa de mercado em processos criativos não é nada novo. Hollywood testa filmes com grupos de foco o tempo todo. Mas isso não é feito em uma escala tão grande e aberta como a abordagem da Amazon.

"Você muitas vezes não tem o feedback do público até quase o filme ser lançado", ​​disse Edward Saxon, produtor vencedor do Oscar com "O Silêncio dos Inocentes".

"A produção de filmes é um processo iterativo - rascunho após rascunho. A Amazon faz bem em encontrar mais lugares ao longo do caminho para obter feedback.".

Saxon é um dos poucos "grandes produtores" que participam de projetos da Amazon Studio. Ele está ajudando a desenvolver "Children of Others", sobre uma mulher que aproveita sua última tentativa em uma clínica de fertilidade, para depois descobrir que seu filho ainda não nascido pode ser a primeira onda de uma invasão alienígena.

A Amazon tem sido clara sobre o quanto quer gastar, e ela sabe que produzir filmes custa dinheiro, disse Saxon.

"Estou apostando minha energia profissional que nós veremos um bom número de filmes da Amazon, e espero que o meu esteja entre eles", acrescentou. "O filme que estamos fazendo vai competir com os grandes."

Fonte: Reuters.

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